Lamartine Babo & Nair - A Serra da Boa Esperança


SERRA DA BOA ESPERANÇA
A HISTÓRIA DE LAMARTINE BABO E NAIR.





História das mais curiosas em Boa Esperança é a que retrata a paixão de Lamartine Babo pela fictícia Nair. Segundo contam, o teatrólogo e escritor Carlos Neto, em certa feita, quis formar um álbum , colecionando fotos de artistas do rádio, posto que a maior diversão da época era ouví-los. Passou, então, a escrever para os cantores, pedindo-lhes fotografias para sua coleção, no que as vezes era atendido e outras não. 




Percebendo que a maioria dos artistas que não respondia suas cartas eram os homens, resolveu a adotar um nome de mulher, para enfim, alcançar seu objetivo. Passou, então, a usar o nome de NAIR, sua pequena sobrinha, nas correspondências, inclusive, nas enviadas para Lamartine Babo, pois, daquela forma esperava conseguir a foto do artista, que despontava como ídolo no cenário nacional. 





Foto: João Paulo Mendonça


Contam que Lamartine Babo sentia-se um homem solitário e guardava complexo de feiúra e talvez por isso, ao invés de mandar a foto pedida, limitava-se em responder às cartas enviadas por “NAIR “, sempre com pedido de que continuasse a escrever-lhe para suprir-lhe a solidão. 

Demonstrava, a cada dia, mais e mais afeição pela admiradora. Carlos Neto até pensava em contar-lhe a verdade, mas isso só poderia acontecer se a foto fosse enviada. E finalmente, o tão sonhado presente para a sua coleção chegou. Deveria, então, acabar com a brincadeira que tomava proporções cada vez maiores. A idéia foi, escrever relatando que “ Nair “ havia se casado. 



Foto: Recachutadora do Zico




Porém, foi o próprio Carlos Neto quem convidou o famoso “ Lalá “ para visitar a cidade, quando estaria lançando "Os Tangarás" , grupo musical que exibiu talento por vários anos. Imaginava que, naquela ocasião, pudesse contar-lhe toda a verdade sobre a história de Nair. Lamartine aceitou o convite e ansioso para conhecer a "sua Nair", foi recebido pelo grupo de rapazes liderados por Carlos Neto, mas com a promessa de que seria-lhe apresentada a admiradora no baile.

Naquela oportunidade, tudo seria esclarecido. No entanto durante a festa, uma moça que dançava com Lamartine adiantou-se e contou-lhe toda a história. A decepção, falam, mostrava-se evidente na fisionomia do compositor. Mas não tão grande ao ponto de ficar zangado com Carlos Neto, amigo que o recebeu outras tantas vezes em Boa Esperança, cidade que inspirou a “ Serra da Boa Esperança “, uma das suas mais belas composições, gravada por diversos intérpretes e até hoje tocada pelos modernos.


SERRA DA BOA ESPERANÇA


Serra da Boa Esperança, Esperança que encerra....
No coração do Brasil um punhado de terra!
No coração de quem vai, no coração de quem vem, Serra da Boa Esperança, meu último bem!

Parto levando saudades, saudades deixando, Murchas caídas na serra, lá perto de Deus!
Óh minha Serra eis a hora do adeus vou me embora!
Deixo a luz do olhar no teu luar, Adeus!
Levo na minha cantiga a imagem da Serra... S
ei que Jesus não castiga um poeta que erra...

Nós os poetas erramos, porque rimamos também
Os nossos olhos nos olhos de alguém que não vem!
Serra da Boa Esperança não tenhas receio!
Hei de guardar tua imagem com a graça de Deus...
Óh minha Serra eis a hora do adeus vou-me embora...
Deixo a luar do olhar no teu luar, Adeus


Creditos:

Texto:Adriano Oliveira
Fotografias: Marcos Lima e Adriano Oliveira

https://www.youtube.com/watch?v=gMP_N8IdF_Q

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