A história da Igreja de São Pedro dos Clérigos em Mariana MG



Histórias de nossa Minas Gerais: Igreja São Pedro dos Clérigos, Mariana MG

A Igreja de São Pedro dos Clérigos, em Mariana, é uma das principais atrações turísticas do município. Além do valor histórico, a igreja guarda curiosidades e lendas que povoam o imaginário da cidade.A construção da igreja teve início em 1752, mas ficou por 180 anos abandonada. A construção das torres se arrastaram por cem anos – porque caíram três vezes. As quedas das torres geraram uma das principais lendas em torno dela: os moradores da cidade acreditavam que os escravos, ao subirem as escadas para a construção das torres, viam, de cima, a cidade de Mariana tomada por um “rio de sangue”, pois o pátio da igreja era usado como local de forca para escravos rebeldes. Por desespero, conta a lenda que eles se atiravam lá de cima, causando a própria morte.
A causa mais provável para a origem da lenda do “rio de sangue” está no lamaçal formado pela mistura das águas da chuva com a terra da região, de cor vermelha. Às chuvas também é atribuída a causa do atraso: a umidade provavelmente interferia na estabilidade da construção. Só em 1922, a mando de Dom Helvécio as torres foram finalizadas.
O estilo da Igreja é eclético, com predomínio barroménico. A maioria das obras contidas no recinto são influenciadas por Aleijadinho. Em 1984, Fundação Roberto Marinho restaurou a Igreja para que ela servisse de cenário para uma minissérie da Rede Globo, chamada Madona de Cedro (que significa Mãe de Cedro, madeira que constitui toda a parte do altar).
Apesar de todas histórias que a cercam, a igreja até hoje permanece inacabada. O retábulo principal preserva setenta porcento da sua originalidade e a decoração da nave principal é toda representada por quadros de passagens bíblicas da vida de São Pedro, pois recursos para decorações com imagens e esculturas para o término da obra nunca forma adquiridos.

A morte do padre
Cercada de lendas, a Igreja de São Pedro ainda guarda uma história real – relacionada à morte de um padre. Entre os moradores da cidade, há quatro versões para essa morte: suicídio, que seria pouco provável; a existência de uma amante; a existência do marido da amante e, a última, que o padre teria sido morto por saqueadores. O motivo verdadeiro nunca foi descoberto. Em função dessa morte, a igreja permaneceu fechada por trinta anos, por obediência à bula papal, regra interna de interdição de trinta a cinquenta anos nos casos de morte de padres dentro da igreja, até toda uma geração da população local teoricamente esquecer ou morrer .
Imagem e passagem para subversão
Imagem oca de São Pedro. Foto: Luisa Oliveira
Na igreja está o maior santo oco do Brasil: uma estátua de 2,13m da imagem de São Pedro, contendo uma enorme abertura na parte posterior da imagem. Dentro dela,  eram escondidos livros provenientes de Portugal, porém de origem francesa, em sua maioria falando sobre o iluminismo. Os livros precisavam ser escondidos no interior das imagens para entrarem discretamente no país e fornecer conteúdo para o ideário que alimentou a Inconfidência Mineira. Mas a curiosidade que mais intriga é o túnel subterrâneo existente no altar da igreja. Este com quatro quilômetros de extensão, liga a Igreja de São Pedro à Mina de Passagem. O túnel foi construído como uma rota de fuga, em caso de invasões francesas ou holandesas, que nunca ocorreram.

Por Bruna Fontes
Fotografias de Edmar Amaro / Luisa Oliveira





Fonte: https://alemdoqueedito.wordpress.com/2011/10/26/igreja-de-sao-pedro-misterios-abandonos-e-curiosidades/

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